Inicialmente, seria uma versão de Alice através do espelho, de Lewis Carroll. No entanto, da referência inicial sobraram apenas os espelhos, a metáfora dessas superfícies como janelas para um mergulho em busca do auto-conhecimento e e, é claro, o fato da protagonista se chamar Alice na vida real.
ATempo é sobre o tempo, ou melhor, sobre uma determinada concepção de tempo. Não o tempo do relógio, mas um outro, que ora não passa, ora se expande, comprime e para, sem parar de passar. Um tempo com atributos femininos, com dobras, ao contrário de Cronos, que atravessa seu falo inexorável em uma linha reta entre nada e nada. Tempo que recebe, acolhe, envolve, circula, desdobrando-se em infinitas camadas, todas presentes. As três telas que compõem a cenografia tanto podem representar espelhos, que fragmentam, distorcem e multiplicam sua identidade partida, como os múltiplos desdobramentos que aquele fotograma congelado poderia ter no passado e no futuro. Nesse trânsito, a paralisia de Alice-agora acaba se dissolvendo em um movimento-estado leve, lento, articulado e contínuo.
- Roteiro, música e direção
- Tato Taborda
- Intérprete
- Maria Alice Poppe
- Direção coreográfica
- Alexandre Franco
- Video-artista
- Fernanda Ramos
- Pesquisa de movimento
- Alexandre Franco e Maria Alice Poppe
- Intérprete-criador para a trilha musical
- Alexandre Fenerich
- Iluminação e direção de arte
- José Geraldo Furtado