Sobre a Máquina
Máquina de Dançar é uma quase-instalação de dança composta de nove ambientes-objeto que, mesmo funcionando autonomamente, conjugam-se entre si em assemblage duracional. Uma espécie de diorama maquínico onde o próprio ver está instalado como problema e, com ele, também a expectativa relacionada a uma obra de dança.
Sobre a composição
um estudo para m|d
uma fabulação sobre o corpo
dança?
A dança está no presente desta quase-instalação somente o tanto sem o que nada haveria para ver. No processo de sua composição, aparatos de corpo que prescindem de um olhar de fora. Dramaturgia e dança sem a coreografia como dispositivo. Um dentro dentro de um dentro. O exercício de ficção sobre uma suposta máquina de dançar está presente na própria máquina que o instala. A palavra aparece insistente e dinamiza os ambientes-objeto entre si. M|D: Máquina de dançar, máquina desejante. Em uma espécie de museu imaginário, misto de atração e horror, de homenagem e profanação: de repente, o corpo. Onde, a dança? Entre dança e pensamento, gesto e palavra, corpo e escrita, um dispositivo de dança. É dança, mas não é. Não é dança, mas também não deixa de ser.
Como a Máquina funciona
A meio caminho entre a instalação e a cena, Máquina de Dançar conjuga, no mesmo espaço-tempo, a apresentação presencial da dança de Maria Alice e os ambientes-objeto. A Máquina é acionada com a entrada dos espectadores que, durante 50 minutos, são convidados a percorrer cada um dos espaços sem ordem preestabelecida e, dado o seu comportamento diante dos objetos, torna-se, ele também, objeto do ver. Tanto o espectador olha a Máquina quanto é por ela olhado.
Há, na instalação, uma convivência espacial e uma tensão temporal e, nelas, a expectativa do espetáculo é ora atendida, ora não. O aspecto duracional dos ambientes contrasta com a intermitência das danças de Poppe e certa ambiguidade no comportamento do público se impõe, também ele colocado precisamente a meio caminho entre as artes visuais e a dança. Tal estado de ambiguidade dura precisamente 32’24”, quando Alice performa então um solo de dança no único ambiente-objeto que agora torna-se declaradamente cênico.
Uma multiplicidade de pontos de vista compõe a espacialidade ao mesmo tempo fragmentária e conjugada da obra, que leva a assinatura da arquiteta Carolina Poppe. A paisagem sonora, de autoria do compositor Tato Taborda, instala polifonias cujas intensidades variam de acordo com a deambulação do espectador pelo espaço e oferece, com sua intermitência, uma fruição ao mesmo tempo isolada e de conjunto. Videotextos exibidos em telas contaram com a criação videográfica de Gustavo Gelmini e instalam dizeres pelas paredes da sala de exposição compondo conceitualmente a visualidade e literalidade em jogo no todo da obra.
- Concepção
- Maria Alice Poppe & Thereza Rocha
- Dança
- Maria Alice Poppe
- Dramaturgia
- Thereza Rocha
- Direção de Arte
- Carolina Poppe
- Paisagem Sonora
- Tato Taborda
- Imagem do vídeo Dança dos Ossos
- Raul Taborda
- Luz
- Tomás Ribas
- Dialogador
- Marcelo Evelin
- Videografismo
- Gustavo Gelmini
- Intérprete de LIBRAS no vídeo Audiodança
- Ramon Linhares
- Foto
- Leo Aversa
- Identidade Gráfica Original
- Raul Taborda
- Coordenador Técnico
- Rodrigo Ramos (Grisalho)
- Diretor de Palco
- Boy Jorge
- Direção de Produção
- Aline Carrocino
- Produção Aline
- Executiva Mohamad
- Produção geral e Realização
- Alce Produções